domingo, 20 de outubro de 2013

Vida alheia


A sina do poeta, seu alento e seu carrasco
É em certas vezes escrever aquilo que não vive
É ser fiel naquilo que não sente
Pois se a cada escrito, o sentisse, seria ele um caleidoscópio de emoções 
Então absorve a dor alheia e a transforma em verso (?)
Observa o amor do outro e o converte em letra (?)
Admira a paixão de outrem e a faz em poesia (?)
Escuta o desabafo de amigos e os faz em textos (?)
Ele dá vida aos mortos que não são seus (?)
Ele exorciza os fantasmas que não o assombram (?)
Está preso em cadeias que não o condenaram (?)
Se afoga em mares que não navegou (?)
Ri alegrias de outros
Chora dores de outros
Se delicia em desejos de outros
Para enriquecer seu conhecimento 
Pois se a cada escrito, o sentisse, seria ele um caleidoscópio de emoções...
E não o é (?) E não o sente(?) Vive várias vidas, inclusive a sua
Em um reflexo que vezes é seu, vezes o sente como seu...


Laisa Ricestoker

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