sábado, 10 de agosto de 2013

Gritava contra o Silêncio


Gritava como se estivesse só no
mundo,
como se tivesse ultrapassado
toda a companhia e toda a razão
e tivesse encontrado a pura solidão.
Gritava contra as paredes, contra as
pedras,
contra a sombra da noite.

Erguia a sua voz como se a
arrancasse do chão,
como se o seu desespero e a sua dor
brotassem do próprio chão que a
suportava.
Erguia a sua voz como se quisesse
atingir com ela
os confins do universo e aí,
tocar alguém, acordar alguém, obrigar
alguém a responder.
Gritava contra o silêncio.


By Sophia de Mello Breyner Andresen

In:

Nenhum comentário:

Postar um comentário