quinta-feira, 29 de novembro de 2012


,escrevo contra o que me lembro


,vã,


(I)


visão de alguns anjos coxos que gravitam
em elípticas,
escondem pés, pernas, coxas,


bando de morcegos albinos rodeando figueiras
adormecidas, sem fruto,
vãs,


e no alumbrar ao longe regressam algumas cores,
sejam alucinações psicadélicas,
sejam alucinações, sós, sóis


,insepultos.


,escrevo contra o que me lembro
senti-lo-ei sempre hoje, senti-lo-ia como ontem,


podê-lo-ei sempre sentir amanhã,
qual grito, quão perto do silêncio absoluto,


vão.


,empederniram-se estas veias,
mais cedo lavas, sim, apenas respiro,


sem ânsia, a morfina toma conta do corpo,


e o mar tão perto que lhe toco ao de leve,
despenteio-o.


[contra o que me lembro, escrevo fragmentos].


(II)


, “- mira, já ali as tâmaras, a água, as náiades, mira gajeiro, já aqui!”





Textos de Francisco Duarte




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