Não parece, e poucos vilhenenses se atinam para o fato que o núcleo populacional que deu origem a um dos mais pujantes municípios da Amazônia foi criado há mais de um século. A Historia registra o dia 12 de outubro de 1911 como a data oficial da inauguração da estação telegráfica de Vilhena pelo então Tenente-Coronel Cândido Mariano da Silva Rondon, dando início a colonização deste trecho privilegiado do país, situado na fronteira entre o pantanal mato-grossense e a maior floresta tropical do mundo. Tal posicionamento geográfico proporciona a cidade um clima diferenciado na região, onde há maior equilíbrio entre o calor e o frio, fazendo com que Vilhena seja denominada a como a “Cidade Clima da Amazônia”.
Depois da fundação da estação telegráfica, o núcleo criado por Rondon foi quase sempre habitado por índios, com eventual presença de homens brancos, até meados dos anos 60 do século passado. Isso porque pouco tempo depois que a aventura do militar pelos confins da floresta visando estender os fios de telégrafo soçobrou diante da invenção da comunicação transmitida através de ondas de rádio, tornando a empreitada um trabalho em vão. Em vão? De jeito nenhum. A estação telegráfica fincada na floresta se tornou um referencial para a criação futura de estradas, e em seguida ao acampamento da empreiteira que construiu a rodovia que posteriormente seria a BR 364, artéria que corta Rondônia de Norte a Sul, e atravessa nossa cidade de ponta a ponta.
O nome de Vilhena é oriundo de homenagem dada por Rondon a um dos integrantes da expedição que liderava naqueles idos do início do século passado. Tratava-se do engenheiro maranhense Álvaro Coutinho de Melo Vilhena, membro de destaque no grupo. Abrindo um parêntese, ao contrário do que muitos acreditam, as expedições de Rondon não tinham como fim único e exclusivo a expansão das linhas telegráficas. Ao contrário, as viagens traziam equipes científicas de diversas áreas, além de técnicos e militares, que faziam levantamento biológico, geográfico, cartográfico e outros, além de demarcar e reforçar a presença do Estado Brasileiro nas fronteiras.
Voltando à nossa História, Vilhena ficou décadas relegadas ao quase esquecimento, até que na época do Presidente Juscelino Kubistchek aconteceu a chamada “Marcha para o Oeste”, com intuito de integrar o Brasil do interior com o país do litoral. E um dos eixos desta iniciativa desenvolvimentista era a colonização da Amazônia, começando com a abertura de estradas. Uma delas era a BR-29, que ligava Brasília ao Acre. A década era 1.950, e os brasileiros viviam um clima de esperança e perspectiva de progresso.
Em 1964, por meio do Ibra (Instituto Brasileiro de Reforma Agrária), e depois do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), ocorreu distribuição de terras da União a colonos dispostos a se fixarem na região Norte do país, incluindo o sul do então Território Federal de Rondônia. Este fator atraiu migrantes de todos os quadrantes do país, que tinham em Vilhena uma espécie de trampolim para alcançar as áreas de fronteira com a Bolívia e o Mato Grosso. A imigração sofreu um avanço exponencial a partir da segunda metade dos anos 70, quando a crise do pretóleo atingiu o planeta em cheio, abalando economias emergentes como a nacional. Fugindo dos problemas e buscando esperança no “Novo Eldorado”, milhares de colonizadores aportaram na região, chegando às centenas todos os dias.
O fluxo migratório acabou levando Vilhena ao desenvolvimento até mesmo por inércia, sendo fator que provocou a fixação de muitas famílias, hoje tradicionais na cidade; e desencadeando o processo político/administrativo que resultou na elevação da localidade da condição de distrito de Ji-Paraná a Município, no final daquela década. A partir dos anos 80 teve início o processo democrático de escolha de prefeitos e vereadores, consolidando as características econômicas e culturais da cidade, onde predomina a descendência de sulistas entre a população, com a economia centrada no setor produtivo urbano e rural.
De lá para cá os vilhenenses elegeram prefeitos cuja tendência variou entre representantes do empresariado local e lideranças populares, com equilíbrio de forças, e depois de várias apostas e experiências definiu seu perfil de desenvolvimento através da manufatura de derivados do campo, e diversificação de parque industrial.
Com vários empreendimentos de monta em fases variadas de implantação e concretização, Vilhena mantém seu perfil de Município desenvolvimentista, com potencial de crescimento diferenciado na região em função de suas particularidades. A cidade conta com boa infra-estrutura urbana, além de rede de proteção social, através de sistemas de Saúde e Educação compatíveis com as necessidades populares. Apesar de hoje não ser mais um pólo de atração para produtores agrícolas, mas começa a formar um centro de ensino Superior robusto, que pode ser ponta de lança numa nova fase de migração.
Em 2.012, assim como os demais municípios, Vilhena vive a expectativa de mais um momento político-eleitoral, cujo processo se avizinha. Mas, independente do resultado que as urnas trouxerem, será sempre na força de vontade e no trabalho dos vilhenenses que a cidade manterá escorada seu futuro, amparada por um passado secular que causa orgulho aos moradores e conquista o respeito dos brasileiros de todos os lugares que passam por aqui.
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