Aborto é o ato de interrupção precoce de uma gravidez, a suspensão da formação de um embrião ou de um feto no útero materno. O aborto pode ser voluntário ou involuntário, com a interferência de ações cirúrgicas, drogas ou de ervas a fim de provocar a expulsão do feto do útero. A sociedade ainda debate se o aborto deve ser legalizado ou proibido. Há alguns países que legalizaram a prática; outros, no entanto, continuam mantendo-a como criminosa.
Não vamos aqui debater se o aborto deve ou não ser legalizado, pois acreditamos que não é exatamente essa a maior preocupação em que devemos nos deter. Vamos apenas expor, do ponto de vista espiritual, quais são os efeitos que o aborto pode causar para a mãe, o pai e para a própria criança abortada. Nossa intenção aqui é divulgar este conhecimento para que cada vez mais mulheres tomem contato com os danos espirituais provocados pelo aborto e aceitem a dádiva da vida sem burlar a inteligência do universo.
Todo o debate que envolve este tema se debruça em determinar quando se dá o início da vida. Para os defensores do aborto, o início da vida ocorre apenas após o nascimento. Para a legislação brasileira, o feto não pode ser considerado um cidadão, com direitos e obrigações, posto que ainda não nasceu. Do ponto de vista espiritual, e a Terapia de Vidas Passadas corrobora essa ideia, a alma entra no corpo mais efetivamente e de forma definitiva no momento do nascimento físico. Lendo estas linhas, alguns podem pensar: Mas se a alma só entra no corpo físico no momento do nascimento, qual o problema de se fazer um aborto?
Quando uma alma vem a Terra para uma experiência, ou uma missão, ela necessita obviamente ser revestida pelo veículo daquele mundo. Por essa razão, ela aguarda até o organismo estar em condições de abrigá-la. Mas enquanto aguarda, ela já inicia um processo de associação àquele corpo, mesmo que ainda seja incompleto. A energia daquele espírito vai sendo absorvida pelo feto e vai sofrendo progressivamente um processo de densificação. Esse adensamento vai tornando-o mais próximo do corpo físico e dos pais, principalmente da mãe. O espírito vai se ligando não apenas ao feto, mas também aquela alma que cosmicamente foi designada para ser a sua genitora, sua mãe. Por esse motivo, o espírito, apesar de ainda não estar pleno naquele corpo, começa a sintonizar com a energia de sua mãe e com o feto, e a interrupção dessa ligação pode ser bastante traumática para ele.
Há vários problemas implicados aqui. Um deles é a violação da programação de vida, seu roteiro kármico, ou seja, tudo o que a alma precisa experimentar durante sua vida na Terra. Com a interrupção da gravidez, todo o plano encarnatório é perdido; aquela alma que estava começando a se ligar ao feto, o envolvendo, aproximando-se dos pais, afeiçoando-se a mãe e tomando participação nos assuntos familiares será expulsa dessa posição de alma nascente, e consequentemente, ela sofre muito com isso.
Outro problema é o efeito que o aborto gera ao espírito. Aquela alma sente-se mal, traumatizada, pesarosa, rejeitada, sem amor e sem acolhimento. Ela guardava uma expectativa em relação a seus pais, e foi frustrada em seu anseio de se tornar filho e aproveitar as experiências terrenas. É um equívoco pensar que a alma que chega não possui sentimentos. Pesquisas com regressão de memória até o útero sugerem que o feto (o espírito) pensa, sente, ama, sofre fortes impressões dos pensamentos dos pais e do meio ambiente. Essa memória fica arquivada em seus arquivos espirituais, pois ela é anterior a própria formação do cérebro físico. Por esse motivo, não podemos jamais considerar que uma vida não esteja ali presente. A vida corporal ainda não existe, mas a vida espiritual está ainda mais livre, com sentimentos e pensamentos sobre o que lhe ocorre. Por isso, há uma vida em formação que é vibrante, pulsante e aguarda o momento de vir fisicamente ao nosso mundo.
Tudo o que a mãe e o pai sentem e pensam afeta o espírito que se avizinha do feto. Essa afirmação não se pauta em mera suposição, ele é o resultado de observações e experimentações sistemáticas do método da regressão de memória até o útero materno. As pessoas em regressão sentem tudo o que se passa com seus pais, e tomam parte em seus conflitos, seus anseios, seus medos e suas dificuldades. Há espíritos que ficam muito tristes quando percebem que não são bem quistos. Outros podem se deparar com a rejeição dos pais, e até mesmo sofrer com a falta as preocupações e a falta de amor. Na maioria das vezes, os espíritos se veem fora do feto, preservando sua liberdade espiritual, e chegam até mesmo a participar da formação do feto. Não se sabe como, mas de alguma forma parece que eles realmente ajudam na gestação.
Esses fatos foram investigados no mundo inteiro, mas uma pesquisadora que foi fundo na coleta de dados sobre o nascimento foi Helen Wambach. Wambach fez sua pesquisa com 1.100 pessoas numa universidade dos Estados Unidos. Suas pesquisas incluem o período da gestação e o que ocorre durante a geração do feto. Vejamos alguns exemplos dos relatos de casos que colheu em suas pesquisas:
“Senti que minha mãe estava atemorizada e com real ambivalência quanto a ter um bebê.”
“Senti que ela (mãe) estava muito nervosa, mas sem razão. Senti que ela queria que eu fosse algo especial e que tudo corresse bem comigo. Estranho, percebi que ela ficou aborrecida com o médico por atrasar-me.”
“Dei-me conta de que mamae chorou muito e não me queria, na realidade.”
“Quando você me perguntou sobre as emoções da minha mãe, senti extremo receio por parte dela.”
“Dava-me conta de que minha mãe estava muito amorosa e disposta a me receber.”
Esses são apenas alguns poucos casos, de muitos, em que se pode vislumbrar este padrão. O espírito se aproxima do corpo, vai se ligando aos pais, conforme vai ocorrendo esta conexão ele vai começando a sentir, e por que não dizer, compartilhar pensamentos e sentimentos dos seus pais, além de influenciar também seus pais e participar da formação do feto. Tudo isso nos dá o fundamento de que o feto pensa, sente e já existe, sem sombra de dúvida, enquanto vida espiritual, e aguarda o momento em que ele sabe que deve se unir ao feto, geralmente bem próximo do nascimento ou durante o nascimento. Todos que conhecem a mútua influência que o espírito e os futuros pais compartilham durante a gestação sabem o quanto é doloroso ao espírito ser rejeitado e abortado. É uma ferida difícil de cicatrizar.
Podemos elencar algumas reflexões gerais sobre o aborto:
Nosso corpo não nos pertence: Há um ensinamento no esoterismo e no espiritualismo que afirma que o ser humano não é o dono do seu corpo físico. O corpo físico é um instrumento que nos é dado, apenas por um tempo, para as experiências neste mundo. Usamos este corpo por um tempo e logo ele será descartado e nos revestiremos de outro corpo numa vida futura. Isso nos indica que o corpo é apenas uma ferramenta de que se vale a alma para existir no planeta Terra. Nosso corpo não é nosso, posto que daqui a alguns anos ou décadas ele não mais estará conosco. Nós nos servimos dele para depois, quando ele não tiver mais utilidade, nós o devolvermos a terra e ele se desagregar em seus componentes elementares. Do pó viemos e para o pó voltaremos. Por esse motivo, pessoas que alegam serem as “donas” do seu corpo enquanto estão neles deveriam meditar que não é por nossa capacidade que o corpo funciona; não é por nossa intenção que a comida é digerida; não é pelo nosso esforço, de igual forma, que geramos uma criança no útero. Tudo isso é parte das leis naturais das quais não somos responsáveis. Por esse motivo, aquilo que nos pertence é aquilo de que temos consciência, posto que apenas a consciência sobrevive à morte do corpo. E se a consciência é a única coisa que sobrevive, aquilo que fazemos sem consciência de fato não nos pertence. Como diz um ensinamento taoísta: “Tua vida não te pertence. É a harmonia delegada pelo Tao; tua individualidade, na realidade, não é tua. É a delegada adaptabilidade do Tao... Ao te moveres, não sabes como te movem. Quando repousas, não sabes por que repousas... Essas são as operações das Leis do Tao. Como então poderás obter o Tao? Como então poderás obter o Tao como se ele fosse teu?” Desse modo, a criança gerada no útero materno em hipótese alguma pertence a mãe, assim como não pertence também após seu nascimento. Nosso dever é cuidar dela, pois esta é uma missão da alma, mas jamais devemos pensar que o feto ou a criança nos pertencem. Sendo assim, não há direitos sobre a vida do feto; esse direito cabe ao universo que nos concedeu a criança para que fosse cuidada, apenas isso.
O espírito pode trazer um karma positivo: De acordo com a teoria reencarnacionista, a alma que entra no corpo possui uma história muito vasta. Ao contrário do que afirmam algumas escolas de filosofia, ninguém nasce como uma tabula rasa (uma folha de papel em branco). Esse “papel” já vem sendo escrito a milhões de anos, há muitas e muitas eras, e infindáveis riquezas espirituais podem estar contidas nos arquivos do espírito. Por isso, o aborto que é realizado diante de graves dificuldades financeiras está desconsiderando estes arquivos. Isso por que a alma vindoura pode trazer um karma muito positivo, que pode até mesmo mudar a condição social dos pais e irmãos. Muitas almas trazem uma bagagem espiritual elevada, que podem preencher certos vazios e lacunas existentes em algumas famílias. Aquele espírito pode trazer o que faltava para se estabelecer a harmonia familiar e uma vida financeira mais abundante. Ninguém deve desprezar o potencial de uma alma que chega de contribuir, de forma decisiva, para os percalços e contratempos de uma família. A inteligência divina sempre arruma um jeito de equilibrar tudo, mas cabe ao ser humano tomar as decisões corretas e aproveitar estas dádivas.
Aborto por questões financeiras: Muitas pessoas defendem o aborto por uma questão social. Quanto mais crianças nascerem no mundo, menos recursos teremos para alimenta-las e dar-lhes o essencial e mais pobreza existirá. Mulheres pobres teriam o direito ao aborto por que não teriam condições de criar seus filhos em meio a situações de fome e carência de recursos. Essa ideia é equivocada por vários motivos: em primeiro lugar, se uma pessoa vive uma situação financeira adversa, isso não significa que essa condição perdurará para sempre. Em segundo lugar, há muitos e muitos casos de pessoas que nasceram e cresceram num meio pobre e conseguiram uma posterior ascensão social. Em terceiro lugar, muitos dos gênios e grandes revolucionários do mundo foram criados em meio à escassez de recursos, e isso não os impediu de se tornarem seres humanos inteligentes e importantes para a humanidade. É o caso de Machado de Assis, que nasceu em meio à pobreza e depois se tornou um dos mais prestigiados escritores do mundo. Por outro lado, se os pais vivem numa condição de dificuldades num dado momento, futuramente tudo isso pode mudar. Quem pode afirmar que um casal será pobre para sempre? O mundo está sempre mudando e uma situação social de restrições pode ser temporária. Além disso, uma vida de pobreza pode ser essencial para o desenvolvimento daquela alma. Não é sem motivo que há bilhões de pessoas no mundo vivendo esta experiência. Muitas delas pediram uma vida de carências ou faltas para despertarem seu lado humano e suas faculdades interiores. A vida não desperdiça nada, pois tudo é aprendizado e experiência para a alma.
Experiências conjuntas: Tanto a mãe como o espírito que está vindo têm pendências kármicas a serem solucionadas. Sabemos que nada é por acaso, e se aquele filho começa a ser gerado, é por que assim a inteligência do universo programou. Nós temos o direito de interromper aquela gravidez resguardados pelo nosso livre arbítrio, mas toda mulher deve saber que, com o aborto, as consequências serão muito mais graves do que com a permissão do nascimento daquela alma. Ou seja, a mãe sofrerá muito mais com o aborto do que com as dificuldades que a criança poderia trazer, sejam sociais, emocionais, ou qualquer outra. O karma negativo do aborto é bem pesado para a alma, ao passo que o karma positivo pelo ato de se assumir uma gravidez mesmo diante de sérias complicações e apertos é algo muito precioso, e que trará bons frutos.
Vida da mãe em risco: O único caso em que o aborto é permitido pelas leis naturais é quando a vida da mãe corre perigo com o sequência da gravidez. Neste caso, deve-se dar preferência a vida em curso em detrimento da vida em formação. Isso ocorre por que uma vida em formação exige muito menos esforço para o recomeço do que uma vida já formada, como é o caso da mãe. Portanto, na ocasião onde se ficou demonstrado, por exames clínicos, que a mãe pode morrer ou ter graves complicações de saúde (que também poderiam levar a morte), o aborto pode ser praticado.
Aborto espontâneo: Todos devem ter consciência de que o aborto espontâneo não é a mesma coisa que aborto por acaso. Não existe aborto por acaso, pelo simples motivo de que não existe o acaso no universo. O aborto espontâneo tem uma causa, e essa causa, mesmo sendo desconhecida dos seres humanos, existe e provoca efeitos reais. Algumas vezes o aborto espontâneo é o resultado de um esforço daquele espírito para não nascer com aquela mãe e pai. O espírito sente todas as mazelas a que foi sujeito em suas vidas passadas, todas as brigas, as disputas, os sofrimentos, as rixas, as dores, enfim, toda a carga que existe entre ele e seus pais. Por isso, ele acaba passando essa carga para a mãe e provoca seu próprio aborto. Essa carga de vidas passadas pode também gerar doenças tanto no seu futuro corpo como no corpo de sua mãe. Todo esse peso de experiências negativas pode ser a causa do aborto espontâneo. Esse aborto pode ser intencional ou não intencional. O espírito pode desejar o aborto para fugir dos flagelos e revezes da existência vindoura, e por isso faz de tudo para provocar o aborto. Ou pode simplesmente sentir o fardo e transmiti-lo ao útero e ao corpo da mãe, que pode ficar enfermo e assim expulsar o feto.
Respeito ao Plano de vida: Antes de vir a Terra, os espíritos elaboram, quase todos, um planejamento para a próxima encarnação, que pode ser mais ou menos detalhado conforme as adversidades que necessite atravessar. Por isso, quando a gravidez é interrompida, o plano de vida também é interrompido, e há necessidade de ser reparado, consertado e replanejado, e nem sempre isso é possível de se fazer. Por esse motivo, a alma sofre um duro golpe e estará perdendo um precioso tempo.
Casos de estupro: Muita gente afirma que, em casos de estupro, a mãe deveria ter o direito de abortar, já que o filho seria para ela uma lembrança perene de um ato desprezível e traumático, que é o aborto. Em primeiro lugar, o estupro poderá ser lembrado com ou sem a presença da criança, posto que ele representa um trauma muito significativo, um dos piores que podem existir. Em segundo lugar, devemos considerar que a criança não tem qualquer culpa sobre o ato praticado, e não deveria ela ser penalizada por algo que não fez. Por outro lado, devemos sempre pensar o seguinte: já que a criança pode se tornar uma lembrança perpétua do trauma, não poderia ela também representar a própria superação do estupro por meio do amor incondicional que a ela é destinada pela mãe? Se for mesmo verdade que a presença da criança pode ser a rememoração do trauma, é igualmente mais provável que o trauma possa ser sublimado com o amor maternal. Além disso, a mãe não pode jamais saber se, após o nascimento, ela não vai mesmo querer aquele filho. Talvez sua perspectiva se transforme e ela passe a amar aquele ser e desejar estar junto dele, independente do estupro. Todos sabem que o amor transforma, e neste caso, o amor pode sublimar o grave episódio traumático e doloroso num bálsamo de amor incondicional. Mesmo na hipótese de sobrevir um sentimento de rejeição perante a criança após o nascimento, sempre é possível à mãe entregar a criança para adoção, ou mesmo para que algum parente próximo a crie. Jamais devemos esquecer que, no calor da emoção pós-estupro, quando as feridas ainda estão afloradas, a tendência pode ser a da rejeição à criança, mas depois de passados alguns anos, aquele trauma pode gradualmente ir perdendo sua força e o que acaba prevalecendo é o amor de mãe e filho.
O aborto e obsessão espiritual: Verificamos, através de experimentos realizados com a terapia de vidas passadas, que os espíritos abortados sofrem muitos pesares, dores, mágoas, frustrações, etc. Eles se sentem rejeitados, não amados, traumatizados, e mal quistos. Por conta disso, alguns deles podem vir a sentir aversão e raiva dos pais, e ir ao encontro deles querendo vingança, ou mesmo desejando mostrar a eles o que fizeram consigo. Tudo isso pode desencadear fortes processos de obsessão espiritual, não apenas contra a mãe, mas também contra o pai e a equipe médica que proveu a condição técnica para o aborto. O espírito pode gerar vários sintomas físicos e emocionais na mulher. Alguns exemplos de sintomas emocionais são a culpa, o remorso, a depressão, a angústia, a carência, pensamentos negativos, dentre outros. Os sintomas físicos são doenças diversas, principalmente relacionadas à sexualidade e a útero. Esses sintomas podem aparecer logo após o aborto, ou vários anos depois. Há casos de perseguições bem longas, que duram décadas ou mesmo diversas vidas. Com a Terapia de Vidas Passadas se torna possível desfazer esse mal e harmonizar-se com o espírito que abortamos, advindo uma melhora significativa destes sintomas.
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