segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013


Que foi isso, de repente? 
Nada; dez anos se passaram. 
Não diga! 
Se somaram? 
Se perderam? 
Algumas relações se aprofundaram? 
Se esgarçaram? 
Onde estávamos? 
Onde estamos? 
E…aonde vamos? 
O tempo, em lugar nenhum e em silêncio, passa. 
É inegável - todos temos mais dez anos agora.
 Ainda bem, poderíamos ter menos dez. 
Tudo nos aconteceu. 
Amamos, disso temos certeza. 
E fomos amados - onde encontrar a certeza? 
Avançamos aqui materialmente, ali não, nos realizamos neste ponto, em outros queríamos mais, algumas coisas tivemos mais do que pretendíamos ou merecíamos - mas isso é difícil de reconhecer. 
Perdemos alguém - “Viver é perder amigos”. 
No meio do feio e do amargo, no tumulto e no desgaste, tivemos mil diminutos de felicidade, no ar, no olhar, na palavra de afeto inesperado, que sei? Espera, eu sei. 
É a única lição que tenho a dar; a vida é pequena, breve, e perto.
 Muito perto - é preciso estar atento.


Millôr Fernandes
Dul


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