Que foi isso, de repente?
Nada; dez anos se passaram.
Não diga!
Se somaram?
Se perderam?
Algumas relações se aprofundaram?
Se esgarçaram?
Onde estávamos?
Onde estamos?
E…aonde vamos?
O tempo, em lugar nenhum e em silêncio, passa.
É inegável - todos temos mais dez anos agora.
Ainda bem, poderíamos ter menos dez.
Tudo nos aconteceu.
Amamos, disso temos certeza.
E fomos amados - onde encontrar a certeza?
Avançamos aqui materialmente, ali não, nos realizamos neste ponto, em outros queríamos mais, algumas coisas tivemos mais do que pretendíamos ou merecíamos - mas isso é difícil de reconhecer.
Perdemos alguém - “Viver é perder amigos”.
No meio do feio e do amargo, no tumulto e no desgaste, tivemos mil diminutos de felicidade, no ar, no olhar, na palavra de afeto inesperado, que sei? Espera, eu sei.
É a única lição que tenho a dar; a vida é pequena, breve, e perto.
Muito perto - é preciso estar atento.
Millôr Fernandes
Dul
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