Gostei mto da dissertação que o Sandro fez, a cerca do nosso amigo Edson, mais conhecido com Jabá, e decidi por dividi-lo.
“Sandro, o Jabá morreu”. Foi essa a mensagem que recebi do Neguinho na noite de sábado. Morreu o Jabá dos muitos amigos de Vilhena; morreu o Batatinha do time do Jacaré, que mesmo 30 anos depois ainda tinha o respeito por onde passasse em Rondônia; morreu o Professor Edson, respeitado por centenas de ex-alunos, que respeitavam o bonachão que se escondia por trás de uma aparência de durão, e que contra muitos prognósticos se fez mestre à beira da quadra ao mesmo tempo que ensinava para a vida.
Mas, antes disso tudo morreu o Jabá da Lilian, da Fabiana e do Gianiny. Para todos os outros ele vai deixar saudade, lembranças... Virou lenda e vai ter histórias contadas sobre como comprava as brigas dos alunos, dos amigos, e aqueles que não o conheceram ouvirão tudo com olhares interessados de quem gostaria de ter vivido tudo aquilo. Mas para a Lilian, a Fabiana e o Gianiny ele vai fazer falta, todos os dias.
A Lilian perde o marido, mas também o parceiro com quem dividia o entusiasmo pela gurizada que ensinaram a competir de maneira leal, e de quem recebiam de volta o respeito e a admiração. Só quem viu os dois num conselho técnico, numa quadra durante uma competição, num alojamento, é realmente capaz de entender a preocupação e a satisfação de estar ali e fazer dos seus meninos gente grande, no esporte e na vida.
E a Fabiana e o Gianiny não terão mais o pai extremado – é isso mesmo, o contrário do que pensam os que só viam a parte carrancuda e marrenta do Jabá que era um molengão para os filhos. Na última vez em que estive com ele, Jabá chorou!
Chorou por não estar com os filhos, e preocupado com uma conversa mal resolvida com a Lilian. Me disse que depois de ter desligado o telefone a vontade era estar com a Lilian. Perguntei por que não ia para Cuiabá: “Mulher não gosta de homem molenga”, foi a resposta. Ainda chorando emendou: “Minha filha foi fazer faculdade. Agora ela já é uma mulher!”. Ele era assim, uma carapaça sobre um cara passional.
Jabá não voltou a ver nenhum deles. Uma semana depois estava morto.
Jabá era o pai que cumpria os horários que combinava com os filhos, que se orgulhava da filha na faculdade de odontologia, que batia no peito dizendo que fazia de tudo pelo filho futuro advogado. E que tinha veneração pela Lilian. Não que ele tenha dito isso, mas o tempo e as atitudes levaram a todos nós, que o conhecemos, a ter estas certezas.
O Jabá que eu conheci era o Jabá do handebol, e esta era a outra família dele. Desde o quase lendário time do Jacaré até os meninos que fez atletas nas escolas por onde passou, fez de parceiros de time e alunos amigos. Eu tinha 17 anos, e dois meses depois de o conhecer ele tinha me colocado sob suas asas em um fatídico Joer – como afinal fez com todos os que foram seus alunos, atletas, parceiros de time e de vida. Era assim ao limiar do ciúme... Ele comprava nossas brigas, era parceiro. E parceiro é parceiro...
Foi uma briga comprada que o matou. Mas, afinal, isso era ser Jabá. Marrento, ele comprava as brigas sem reservas. Isso o fez querido, e é esse cara que hoje lamentamos ter nos deixado!
Sandro Colferai, goleiro.
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