quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A Águia e a Galinha - Uma metáfora da condição humana





Era uma vez um camponês que foi a floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Coloco-o no galinheiro junto com as galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas. Embora a águia fosse o rei/rainha de todos os pássaros. Depois de cinco anos, este homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:
- Esse pássaro aí não é galinha. É uma águia.
- De fato – disse o camponês. É águia. Mas eu criei como galinha. 
Ela não é, mais uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão.  - Não – retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. Este coração á fará um dia voar ás alturas. - Não, não – insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia.  Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse: - já que você de fato é uma águia,  já que você pertence ao céu e não a terra, então abra suas asas e voe!
A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas.                  
 O camponês comentou:  
-   Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!  
-   Não – tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia.  
E uma águia será sempre uma águia.
Vamos experimentar novamente amanhã. 
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurrou-lhe:  
- Águia, já que você é uma águia, abra as suas asas e voe!  
Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando o chão, pulou e foi para junto delas.  
O camponês sorriu e voltou à carga:  
-         Eu lhe havia dito, ela virou galinha!  
-         Não – respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre um coração  de águia. Vamos experimentar ainda uma ultima vez. Amanhã a farei voar.  
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas. O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:  
- Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe!  
A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida.
Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte.  
Nesse momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico kau-kau das águias e ergue-se, soberana, sobre se mesma. E começou a voar, a voar para o alto, a voar cada vez mais para o alto. Voou... voou... até confundir-se com o azul do firmamento...
E Aggrey  terminou conclamando:
 - Irmãos e irmãs, meus compatriotas! Nós fomos criados à imagem e semelhança de Deus!  Mas houve pessoas que nos fizeram pensar como galinhas. E muitos de nós ainda achamos que somos efetivamente galinhas. Mas nós somos águias. Por isso, companheiros e companheiras, abramos as asas e voemos. Voemos como as águias. Jamais nos contentemos com os grãos que nos jogarem aos pés para ciscar.



(Autor:  Leonardo Boff)
 Co-autor:  James Aggrey  -
Natural de GAMA, pequeno pais da África Ocidental.
Político que defendia a liberdade.



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